"Como é vão sentar-se e escrever se você não se levantou para viver!
(Henry D. Thoreau)"


quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Mais do mesmo... (alguma coisa além da aparência...)



Uuooooouuuuuuu!
E aí, o que a gente faz quando a saudade aperta? O que há de se fazer quando a certeza da realidade desconfigura sonhos afáveis? O que se faz quando a incerteza do passado contrasta vorazmente com as idealizações e desejos surreais? A impotencia diante fatos que fogem ao alcance é agravada por tristes lembranças de histórias pregressas. Talvez num futuro retrógrado as coisas hão de dar certo. Quiça num passado ainda não vivido, fruto de expectativas coloridas, apesar de preto e branco, deveras. Consola-me a ausencia de inconstancias meramente constantes; apavora-me a certeza dúbia e a dúvida concreta. Esse ínfimo existencialismo barato e juvenil há de um dia ser genitor de saudade ( ou saudades). Talvez, apesar de andar na contra-mão, numa dessas esquinas da vida, sem endereço, repouse todas as respostas a essas perguntas. Perguntas que são ( e serão) perdidas com o tempo, em meio a novas experiencias - e frustações -. Quem dera ter um décimo da compreensão de mundo de Luís Buñel. Possuir aquilo que mais ninguém tem, aquela dúvida onde só há certeza; aquele medo onde só há segurança; aquela vontade de gritar enquanto todos se calam... Expressar-me, independentemente de finalidades ou meios, ouvintes ou críticos... andar, correr, pular, chorar e sorrir talvez seja "só" isso que alguém, um certo alguém, busque há tempos... A felicidade às vezes bate à porta, às vezes entra pela janela, às vezes esconde-se, às vezes não "existe". As escolhas foram tomadas, os dados não mais rolam, parados estão, viciados, como num jogo de azar - no qual todos contam com a sorte. Sorte dissimulada, ingrata, amiga e irmã - assim como tudo na vida.

For-ma-dor
for-mar
a dor
amor
roma
forma
forma
durma
em paz . . .

Fernando Arataque Filho.
Goiânia, 26 de novembro de 2009. (Aquele velho louco_)
ps: Obrigado pela visitaaaa!

quinta-feira, 7 de maio de 2009


Sapiência

Diz uma lenda que certa vez um grupo de pesquisadores e geólogos precisavam encontrar uma relíquia perdida numa caverna de um vulcão adormecido; a floresta era perigosa e ninguém se arriscaria a entrar nela sozinho. Havia muitas armadilhas e a solução encontrada pelos cientistas foi contratar dois guias, um sábio que morava na redondeza e um índio que nascera e crescera na mata. Marcada a viagem, os cientistas aprontaram seus equipamentos e os guias foram a um templo rezar e pedir proteção aos deuses locais. A subida duraria 6 dias. Partiram, então, numa manhã nublada, os guias tentaram adiar a partida, suas sabedorias diziam que manhã nublada era sinal de mau pressagio. Os cientistas relutaram e partiram todos assim mesmo. No segundo dia já haviam subido mais da metade da montanha, apesar das adversidades, os guias eram bons e velhos conhecedores da mata. No terceiro dia, os guias simplesmente pararam e se sentaram debaixo de uma gigantesca árvore. Os cientistas sem saber o que se passava, perguntaram aos guias o motivo da parada, haviam descansado há pouco tempo, não havia motivo para atrasar a viagem. Os guias nada responderam. Os cientistas insistiram, perguntaram se havia algum perigo, se haviam errado o caminho... ficaram furiosos com a atitude dos guias, mas estes simplesmente continuaram sentados e sem dizer uma única palavra. Anoiteceu e, sem muitas opções, os cientistas montaram acampamento e passaram a noite ali mesmo; os guias, por sua vez, pareciam estátuas, não moveram sequer um músculo, tinham um olhar vazio, sem brilho. Pela manhã, o grupo deu continuidade a viagem e alcançaram, sem mais imprevistos, o objetivo da expedição. Passado alguns anos, um dos cientistas encontra o velho guia e o questiona qual o motivo daquela parada repentina, o velho sábio, sem cerimônia, então responde: “Meu filho, naquele dia corremos demais, corremos tanto que nossas almas ficaram para trás; paramos, então, para esperar que elas alcançassem nossos corpos, para, só assim, poder seguir em frente”.



Escrito por Fernando Arataque Filho.
18/10


Ontem estava me sentindo a pior pessoa do mundo, desalmado, perdido, abandonado, uma tristeza tão profunda que nunca havia antes sentido. Hoje, no entanto, confirmei mais uma vez que não há mal que não tenha fim. Nada de incomum aconteceu, apesar de estar mal, fiz tudo como sempre faço. O interessante é que hoje acordei como uma nova pessoa, foi como se a noite fora uma metamorfose. Acordei com novos olhos, consegui perceber a beleza onde antes jamais havia visto; comecei a entender que há coisas que são feitas para ser aceitas e não entendidas. É simples, é só aceitar. Nada de questionar, tentar mudar ou entender. Aceitar é o possível. Saber perder uma batalha para poder vencer a guerra. É inútil chorar, amanhã tudo muda de novo. 
Talvez tenha sido um milagre, eu acredito em milagres. Hoje sorrio de mim mesmo; como fui tolo ao tentar encontrar uma explicação para tudo, como fui tolo ao confundir jóia com bijuteria, quanto tempo perdido. Às vezes é preciso parar de pensar e começar e sentir... Sentir o vento batendo no rosto, sentir o cantar das aves, observar o movimento das nuvens, enxergar o milagre da vida, sorrir e aceitar as circunstâncias, aceitar os fatos e ser tentar ser feliz a cada momento na medida do possível. 
“ Não adianta correr tanto, o que tiver de ser seu às mãos lhe há de vir”. Cair, levantar e erguer a cabeça, essa é a idéia. Perder tempo com detalhes inúteis é desperdiçar a chance de ver um horizonte maior. Sou míope e os míopes têm a vantagem de enxergar de perto o que as grandes vistas não vêem. Agora, o que preciso é aprender a selecionar o que é importante ver, o que vale a pena observar... 
Quero parar de fazer planos, quero deixar as coisas acontecerem naturalmente, tudo segue uma linha cronológica a qual não temos conhecimento. Lá em cima tem um Deus que tem um plano para cada um de nós e Ele sabe muito bem o que faz; quero poder fazer a minha parte e bem feita. É verdade que eu ainda não sei exatamente qual é a minha parte, mas creio que com o tempo aprenderei. Acho que tenho que seguir meu coração, me importar menos com o que vão pensar, fazer o que me faz sentir bem, ser sempre sempre sempre eu mesmo, não importando o lugar ou a circunstância, jogarei fora todas as minhas máscaras. 
E é isso que farei, voltarei a ser o velho Fernando de sempre, não me importarei com nada além de minha vã consciência, e só assim poderei no futuro olhar para trás de sorrir. Quero levar boas recordações da minha juventude, quero ter muitas historias para poder contar a meus netinhos... 
Vou construindo tijolo a tijolo minha felicidade, minha historia de vida. Afastar-me-ei de tudo e todos que não me fazem bem, para sempre... Sempre! 
Quero levar a esperança em cada sorriso, em cada lágrima... 
Um brinde ao novo recomeço... 

Escrito por Fernando Arataque Filho 
Goiânia, 11 de outubro de 2008. 20h25m

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Bendita Insônia...


Meu cachorro-peixe...

Quem disse que meus sonhos são comuns? Há de considerar que um sonhador comum vale tanto quanto um não sonhador! Ó, meu Deus, o que faz um cara escrever às 2h?
Se eu conseguisse dormir, seria bom, assim poderia sonhar dormindo - o que é um pouco mais lógico. No entanto, lógica para quê? Os mais ilógicos são os melhores!
Boa pergunta, "por que não vou estudar, né?" Afinal, isso é meu dever. Não, não, "dever" não é a palavra exata, "dever" soa como algo obrigatório, feito forçadamente, e não é assim que vejo o estudo. Muito pelo contrário, amo estudar (é sério... e se isso para você é algo de outro mundo, aconselho a refletir sobre seus valores!), só por meio do estudo consigo encontrar um sentido para a vida. Conhecimento é tudo!
Não sou como a maioria das pessoas, há pessoas que resumem a vida a tão pouco (na minha simplória e inescrupulosa opinião). Há quem resuma a própria vida na vida de outra pessoa, há quem condicione sua vida na existência de um animal, ou até mesmo de um "amor"! Perdoem-me os apaixonados, todavia, sigo uma linha um pouco mais racional, cientificista, é tudo uma questão hormonal. Duvida? Espere e compreenderá, mais cedo ou mais tarde! Não não, se pensas, querido leitor, (isso foi só um recurso estilístico, creio que ninguém lerá meu texto insano, e isso não muda em nada minha opinião)... voltando ao texto, não escrevo como um amante fracassado. Muito pelo contrário, admiro as pessoas que creem no amor (naqueles de novela, sabe?). Eu só penso um pouco diferente da maioria das pessoas, e isso é o pouco que me faz feliz, ultimamente...
Ops! 02h03m! Santo Deus! Como o tempo voa! Hum, Povoou-me o pensamento uma idéia agradável. Quantas pessoas dormem agora? Levando-se em conta que o mundo tenha 6 bihões de habitantes, metade esteja do outro lado, então, hum, mais ou menos uns 2,7 bilhões devem estar dormindo. Legal! Enquanto uns dormem, outros poucos fazem algo proveitoso. Sim! Eu não gosto de dormir! O sono é um tipo de amostra grátis da morte! Ah, e eu também não gosto da morte, não a conheço bem e não quero conhecê-la por agora! Ele que fique lá e eu aqui, assim esta bom!
Enquanto estou a escrever, ouço "Stand by me", de John Lennon. Uma bela canção. Mas vejam só como o destino é irônico, a letra da música não condiz com minha opinião, mas eu não ligo, a melodia cumpre seu papel. E isso, a essa hora, já basta!
Bendita insônia!
02h19m! Acho que vou tomar um banho e depois ler alguma coisa. Hum, já sei, tomarei um banho e posteriormente estudarei. Afinal, daqui a pouco tenho aula! =]
Escrever faz-me sentir bem, é uma espécie de refúgio. Entendo aquelas pessoas que se drogam para fugir da dura realidade. A diferença entre um escritor e um drogado é o meio utilizam para fugir à realidade! Para a socidade, um é bom e outro ruim. Para mim, são juntos um reflexo de mim mesmo...
Bendita insônia!!!
Escrito por Fernando Arataque Filho. Goiânia, 09 de fevereiro de 2009 02h25m

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Sonhos de um palhaço



Eu quero muito mais, muito mais vida, muito mais sorrisos, muito mais felicidade, muito mais de tudo um pouco. Quero a terra, o ar, o vento e o mar. Quero a distância infinita, compreender os mártires, as guerras, o ódio, a tristeza... Por mais distante que esteja minha ingênua errância ignorante, eu quero ser gente, e ser gente é outra alegria. Eu quero saber o nome da minha casa, eu quero navegar distante... Eu quero só para mim aquela marola desprezada, aquela prisão da fotografia. Eu quero a nudez de uma santa. Terra. Eu quero cultura, conhecimento, sapiência, astúcia, perspicácia. Quero ser aquele leão de fogo frio, aquela ave machucada, o cão sem dono, o gato mimado. Eu quero matar minha sede com as águas de março. Me afogar num copo vazio. É bem verdade que eu quero, quero e muito, assim como é verdade que eu não sei de nada, mas ter consciência de minha beocidade já é muito. Quero aquela aliança da infidelidade, a bala do assassino, a lágrima feliz que rola num rosto calmo. Eu quero tudo e todos, do meu jeito simples, sem trocadilhos ou metáforas. Quero a paciência de um oriental, o patriotismo de um americano, a fé de um nordestino, vodka de um russo e o charuto de um cubano. Talvez eu consiga um barquinho de papel que me leve aos meus sonhos, ou talvez eu pegue carona com um mosquito, quem sabe eu me deixe levar pelo vento que apaga uma vela. Mas eu só não quero ficar parado. Talvez eu vá para a Bahia, ou China. Guam seria uma ótima opção. Talvez eu compre uma passagem para outro planeta, ou galáxia e caia na fineza de um vestido de seda e perca o fôlego numa taça de Romani Conte. Hei de um dia chegar lá, eu não sei onde fica lá, mas não deve ser muito longe, porque muitos já chegaram lá. Mas e seu eu chegar lá e quiser voltar para cá, talvez eu mude de idéia e resolva conhecer outro lá e assim vai - um lá aqui, outro lá acolá e logo eu me cansarei, mas terei vários lás em minha coleção, e isso acho que seria bom. A alegria não entra nessa história, morreria sem conhecê-la se insistisse em persegui-la; como palhaço sei que a nossa alegria se esconde nos sorrisos alheios. Quero ter 79 filhos, 159 netos e 259 bisnetos, ou só um filho, um neto e um bisneto, mas quero que nenhum se esqueça de mim - um velho palhaço que sempre andou errante, distante e, apesar de tudo, conseguiu sorrir algumas poucas vezes. Um velho que viveu num mundo podre e mesmo assim conseguiu plantar uma rosa, vê-la crescer e desabrochar, sem nunca ter cortado seus espinhos. Um velho marciano, lunático, louco varrido que sempre enganou e se enganou, mas não por maldade e sim na melhor das intenções. Tocou guitarra, bebeu, chorou, gritou, correu e caiu, contudo sempre sonhou, sempre. Acho que sonha até hoje, esse é o seu maior dom. E ele agradece a Deus todos os dias, mesmo errando bastante, há álibis que amenizam suas penas e plumas. Ele caminhou sem lenço nem documento e descalço, sempre sonhando com um final feliz para tudo. Aprendeu com a vida, percebeu, talvez um pouquinho tarde, que a pureza é intangível. Sentiu na pele o peso do poder. Esteve algumas vezes por cima e outras tantas por baixo. Era heterozigoto, gene dominante e recessivo de nascimento. Este velho indigente talvez já tenha morrido, ou nem nascido ainda, mas se perpetuará no imaginário de todas as pessoas que um dia sonharão ou sonharam. Velho de poucos ou nenhum amigo, sua maior e fiel companheira - solidão - sempre o amou. O velho palhaço, no entanto, nunca amou ninguém e sempre acreditou que ganhara com suas escolhas. Se ganhara ou não, ninguém sabe, saber de tudo é querer demais. O velho aprendeu que conhecimento traz sofrimento. Mas apesar das adversidades, este velho caminha, nem sempre de cabeça erguida, pois o tempo não perdoa, é igual para todos, mas também não caminha de cabeça baixa, segue num meio termo, ora lá em cima, ora lá baixo. Acho que a terra agora chama este velho palhaço de volta, devem estar precisando sorrir, por isso o chamam. E ele? Ele claro que vai, é seu trabalho, seu destino, sua dádiva e sua maldição... Então mais uma vez ele, nos bastidores da vida, se fantasia, coloca sua peruca, pinta seu rosto, ajeita seu nariz vermelho, limpa seus sapatos de bicos enormes, pega emprestado mais uma vez um sorriso e sobe ao palco da vida, uma comédia de vida nada privada... O show começa novamente, as gargalhadas da platéia refletem um velho que esmola por sorrisos, seu único pagamento. Ele sorri também, claro, é um palhaço, embora saiba que a sua platéia é tão vazia quanto ele, uma platéia que paga por alguns instantes de diversão, para, talvez, fugir da realidade e pegar carona com esse velho louco. E assim a vida continua... Afinal, queriam ser todos risonhos e mal podiam se consolar. Consolava-os a saudade de si mesmos...


(Goiânia, 23 de outubro de 2008.)