Eu sempre sonhei como seria o dia em que eu passasse no vestibular. Aguardei tanto por aquele momento tão almejado, fiz tantos planos.
"Não precisa correr tanto; o que tiver de ser seu às mãos lhe há de vir."
Bom, pessoal, resolvi criar este espaço para poder publicar alguns textos, artigos, opiniões, experiências, etc. Sinceramente, não tenho o objetivo de ter muitos leitores, quando muito,um ou dois. "Mas eu ainda espero angariar as simpatias da opinião. A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus." (M.de A.)
Era uma vez, numa cidadezinha distante e pacata, havia um garoto chamado João. Ele era popular e insólito. João não era daquelas pessoas que gostavam de andar por caminhos previamente determinados, ele trilhou conforme suas vontades cada passo que deu.
Na infância era destacadamente o aluno número um. João não era fisicamente forte, era magrelo, carregava cabelos pretos e lisos soltos ao vento, assim como sua sorte. Sua esperteza era ímpar, era sempre o primeiro a entender as piadas dos adultos. Todos o achavam "precoce".
E talvez precoce seja a palavra que melhor defina João. Nosso protagonista deu seu primeiro beijo por volta dos 10 anos de idade, na escadaria da igreja. Foi no dia em que havia saído de casa para ir à novena levar um frango assado, feito por sua mãe e embrulhado num papel brilhante e barulhento, que seria leiloado durante a festa. Esse foi o primeiro encontro de João com o amor.
Ficara encantado com tal experiência. Chegou a ficar dias pensando e revivendo aquele momento antes de dormir e ao acordar. O ambiente não foi dos melhores, nem direito a uma música o casal teve. Apesar de João ter esquecido o nome da menina, ele sente ainda hoje o gosto puro daqueles lábios morenos sujos de batom, a textura da pele daquele rosto pueril e a fragrância doce do perfume de menina. João se lembra perfeitamente da fisionomia da guria de fala mansa, assim como lembra da surra que levou do namorado dela no dia seguinte.
João aprendera a lição mais importante de sua vida: tudo tem um preço. Apesar de não ser rico, ele sempre quis as coisas mais caras. Sempre apostou alto, era ousado de nascença. João tinha sorte, principalmente com mulheres. Na adolescência não sabe quantos amores teve; mas como já mencionado, ele era diferente. Não foi só mais um rapaz que hoje seria popularmente classificado como um "galinha". Não. Aquele garoto tinha algo de especial que encantava as meninas. Alguns dizem que era seu silêncio, sua aparente seriedade. Talvez seus enigmas fossem convidativos a um jogo de descobertas. João sempre soube jogar muito bem. O tempo foi passando e ele aos poucos foi ganhando experiência. Aperfeiçoando suas táticas de batalha, conhecendo novos territórios, ultrapassando limites inimagináveis. João não sabia o que era perder no amor. Ele amou t-o-d-a-s suas amantes. Amou ao seu modo e à sua maneira, porém amou. O problema de João era que ele se apaixonava facilmente. Não era necessário a obra toda, uma parte sequer já era suficiente para fazer o coração joanino disparar. Apesar de míope, João era extremanente detalhista, uma vez se apaixonou pelas linhas da mão de uma mulher. Outra vez pelo sorriso. Olhos, nuca, seios, cabelos, nariz... tudo o encantava e o jogo começava: ele se aproximava, estudava a adversária, armava olhares, atacava com elogios. Normalmente isso bastava, mas quando não era o suficiente, João pedia reforços de músicas, cartas, promessas afáveis. Mas o silêncio era sua maior arma, quando estava quase derrotado, ficava calado num silêncio que ecoava. Era justamente nesse ponto que o jogo virava, a adversária de João estranhava a atitude, ficava confusa e ingenuamente baixava a guarda. Era o erro fatal. Nesse momento o guerreiro já conhecedor de toda a mulher, adentrava o pobre coração, descobria seus desejos e vontades... A batalha estava ganha, João, entretanto, antes de partir, sempre deixava uma semente de saudade, só depois partia em busca de novas conquistas. Mas ele sabia o preço da vitória. No fundo, ele deseja perder. Cada vez que saia vitorioso, crescia mais seu vazio, extendia a busca por mais e mais. Era uma droga poderoza e João um pobre viciado. Amou tantas, roubou de cada uma um pedaço daqueles pobres corações. João sempre quis preencher o vazio que o corroia internamente. Aos olhos alheios, ele nunca amou ninguém, mas ele sabe que amou todas porque não foi capaz de amar somente uma.
E a história de João continua depois. Agora o narrador precisa dormir, amanhã tem aula.
(Com quase toda a sinceridade do mundo)
Sabe... às vezes é difícil encontrar um sentido para as coisas que acontecem, talvez seja porque estejamos intrinsecamente ligados a ela. No entanto, com o rolar das águas nos damos conta de que nem tudo que existe deve ser entendido; contudo, como dizia Fernando Pessoa: "Tudo vale à pena se a alma não é pequena!"
Engana-se quem diz que o fracasso é o pior dos sentimentos, não! Fracassar é ter a certeza de que não era a hora certa; é ter consciência de que resignação de hoje representará, uma dia, o sucesso. Do fracassar se tem o consolo de poder erguer a cabeça, sorrir (ou chorar) e dizer: "eu perdi, mas eu tentei". E isso já é muito.
Cada oportunidade, cada nova experiência deve ser intensa e plenamente aproveitada, não se pode deixar que contratempos ofusquem a limpidez de um objetivo maior.
Saber o que é certo é muito fácil, fazer o certo é muito difícil. Muitas vezes somos desviados do nosso caminho, somos, de certo modo, obrigados a esquecer princípios, tomar atitudes embaraçosas, nadar contra a maré, lutar por algo que não trará nada, simplesmente nada. Tempo perdido? Claro que não, tudo vale à pena se a alma não é pequena.
Hoje, aqui; amanhã, lá. A roda-gigante da vida não pára. Saber quando, como, onde e o por quê é impossível, mas isso não deve ser enxergado como um obstáculo, e sim como um desafio. Disse e repito, nem tudo é para ser entendido. Há certas coisas que não admitem explicação, certas escolhas contrariam todos os preceitos de racionalidade.
As adversidades surgirão em toda a vida, sem elas não haveria graça. As escolhas, conseqüentemente, também. O sucesso é o somatório destas, multiplicado pela coragem e divido pela covardia.
A melhor hora é agora. "A águia não caça moscas". Um dia a gente chega lá, vamos ser relembrados com um leve ar de inveja e uma pontinha de arrependimento. Um dia vamos olhar para trás e não dizer, mas sim pensar: "Eu nunca perdi, foram eles quem deixaram de ganhar!"
... e quando esse dia chegar:
Deitem, então, em suas plumas e lastimem suas penas!
Diferentemente da maioria das vezes, hoje, essas palavras gastas possuem um precedente. Acabo de ver uma foto. Não uma foto qualquer, mas a de uma mulher linda, inteligente e batalhadora. Poderia, deveras, escrever páginas e páginas acerca da obra como um todo, um conjunto que, diga-se de passagem, é raríssimo. Cairia, contudo, no medíocre senso comum se dissese que beleza e conteúdo são características difícies de se encontrar aos pares.
O que despertou minha atenção, entretanto, foram seus olhos cuja cor não sei precisar. Sinceramente, não foram, de fato, os olhos, mas sim o brilho de um sonho que emana da alma. Percebi, ao observar bem a tal foto, uma pontinha de tristeza profunda, dissimulada por um belo sorriso e momentaneamente esquecida em função da companhia de amigos. Uma tristeza íntima, antiga e constante.[quase amiga...]
Apesar da discreta tristeza, há explicitamente calado um sonho que suplica por voz. Um projeto de vida que é diariamente construído, hora a hora alimentado. Uma causa nobre é o que dá forças a essa tão distinta mulher. Ela é decidida, persistente, dura na queda. Ela, incrivelmente, consegue ser ao mesmo tempo séria e engraçada. Onde chega é o centro das atenções, não só e simplesmente devido à beleza; sobretudo destaca-se seu caráter, seu jeito de ser mulher. Seus discursos optativos são sinceros, os abraços são verdadeiros e as intenções sempre as melhores.
Ela, como todo ser humano, possui, todavia, momentos de incerteza. São nesses momentos que transparece aquela moça frágil, pueril, que acredita nas pessoas, que tem medo de baratas e cobras, que chora, que sofre, que carrega o mundo nas costas, aquela menina que um dia andava descalço e brincava de bonecas, que tinha o sonho de mudar o mundo.
Essa menina-mulher enfrentou "ritos de passagem" que a tornaram mais preparada para os desafios da vida. Tão preparada que, aos olhos dos desatentos, aparenta ser quase que auto-suficiente. Embora não seja. Ninguém é. Ela tem um sonho e quer por tudo realizá-lo. Para tanto, elegeu prioridades na vida. Renuncia muito em prol de um objetivo maior. Essa determinação é o que encanta todos que tem a sorte de estar ao seu lado.
Creio que a vida seja justa. Tenho a certeza de que ela está muito perto de chegar onde sonha.
(Eu sei que às vezes a espera indefinida, a incerteza, a inconcretude dos fatos são "pedras no caminho". No entanto, siga em frente. Pare, se preciso. Olhe para trás, reavalie as estratégias, mas continue seguindo. Não desista nunca. Seu potencial é incrível.)
Vá em frente e vença, minha guerreira!
"Não precisa correr tanto; o que tiver de ser seu às mãos lhe há de vir"