(1989-2010)
É... quer queira quer não, a vida passa. Pessoas crescem. Pessoas nascem. Pessoas morrem.
Durante essa caminhada, há fatos que nos fazem parar e refletir.
Confrontar o passado e presente, passar um "pente fino" na vida. Colocar as cartas do jogo da vida na mesa, sabe...
Perguntar a si próprio sinceramente: "E aí, o que eu fiz até hoje da minha vida?"
Será que a pessoa que agora sou é aquela que sonhava quando tinha 9 anos de idade?
Será que ainda há aquela criança dentro de mim? Será que posso olhar para trás e me orgulhar da pessoa que fui até hoje? Quantas vitórias, verdadeiramente, eu consegui? Quantos amigos podem contar comigo? Aliás, quantos amigos eu tenho? Será que fui um bom filho? Um bom pai? Será que em algum momento eu me sacrifiquei um mínimo por aqueles que tanto fizeram por mim? Será que alguma vez na vida eu mereci a confiança que alcancei?
Será que sou tão forte e feliz quão aparento ser?
..........Sem título.........
Sabe, são essas perguntam que atormentam, que me tiram o sono, que insistem em haver. É difícil ter nas mãos o projeto de um mega edifício, mas um terreno arenoso. É assim minha dicotômica "jihad" passado x presente.
..........Adolescência...........
Será que todas aquelas loucuras da adolescência valeram a pena? Será que aqueles conselhos "caretas" não eram o caminho certo a seguir? Será que deveria ter estudado mais? Eu vivi um bom tempo da vida destruindo e desconstruindo sonhos, meus e dos outros.
Vi, gostei e comprei o tão famoso estilo de vida "Carpe Diem", não me importava com o amanhã. Repetia sempre: "Acorde arrependido, mas não durma com vontade!" Não sei quantas noites me entreguei ao sono fora de casa; não sei com quantos anos experimentei álcool pela primeira vez; não tenho idéia de como foi, sequer, minha primeira vez; lembro quando "viajei" pela primeira vez; lembro do primeiro tiro; não lembro do primeiro trago. São coisas que hoje trago comigo. Lembranças de um passado insólito. Época de intensa "curtição", vivia no limite, à flor da pele. Pensava que o mundo girava em torno de mim. Não conhecia a palavra limite.
Fui o cara mais popular do colégio, o rebelde sem causa, o filho de papaizinho, o playboyzinho metido à besta do qual todos tinham inveja, odiavam, mas respeitavam. O carinha que já "pegou" quase todas as gurias que quiz. Aquele que aos olhos alheios tinha tudo que desejava. Fui a inspiração de muitos outros idiotas contemporâneos meus. Já fui preso. Fui mau exemplo para muitas famílias. Tudo começou quando eu fui o F.A.F. Anos dourados, anos negros.
Ouvia Nirvana e entrava em êxtase. Fumava marijuana com os amigos debaixo da ponte, com o pretexto de ir jogar peteca. Despertei tantas vezes o amor daquelas que tanto fiz sofrer. Fui canalha. Fui covarde. Fui frio. Calculista. Sempre acreditei que estava levando a melhor. Cheguei ao ponto de ser cruel com os outros e comigo mesmo. Sorria dos feios, dos gordos, dos estranhos, das meninas magras. Tinha olho clínico para diagnosticar defeitos alheios. Habilidade rara em caricaturizar terceiros. Sempre comparava alguém com algum personagem de desenho animado. Desrespeitei professores. Soltei bomba no colégio. Tomei suspensão. Fui expulso. Coloquei fogo na barraca da igreja. Bati o carro. Cai de moto. Pichei muros. Comprei companhia. Fisicamente, bati mais do que apanhei. Joguei bola, nunca fui reserva. Eu não tinha uma bola, eu tinha um campinho no quintal de casa. Eu queria ter sido jogador de futebol.
.........Infância........
Eu quero acreditar que fui uma boa pessoa na infância. Quero recordar os tempos em que estudei na Escola A Estrelinha. Fui ótimo aluno, exemplar. Gostei da Tamara e da Rosanne. Um dia eu machuquei o dedo jogando bola no recreio. A gente fazia fila para rezar o salmo 23 e cantar a primeira parte do Hino Nacional. Eu tinha uma professora muito bonita, ela tinha os olhos grandes. Naquele tempo eu tinha uma mochila de rodinhas e uma lancheira azul. Nos finais de semana eu visitava alguns tios e eles me davam chocolate, mas eu gostava de salgadinho. Eu tinha babá. Eu adorava jogar dama. Eu tinha um Super Nintendo. Jogava Mário e Mortal Kombate. Eu tive várias bicicletas. Uma vez eu desmontei um triciclo velho, peguei as rodas traseiras e coloquei na minha bicicleta, eu inventei a "tricicleta".
.......Amores........
Eu sei quando dei meu primeiro beijo, só não me lembro exatamente o nome da menina, Leidiane ou Lidiane, algo assim. Ela era mais velha, nos beijamos na escada da casa do padre. Era novena de algum santo, com certeza o santo da minha cidade. Não sei quem era o santo daquela época, mas lembro que o padre da minha cidade bebia e fumava - pelo menos é o que diziam sobre ele. O nome do meu primeiro amor foi Mara. Fazíamos catequeze junto. O pai dela tinha uma loja de tecidos na cidade. Ela era linda. Eu a amava mais que tudo. Amava tanto que meu maior prazer era acordar aos sábados às 7h para ir à catequeze vê-la. A gente voltava junto, passávamos na lanchonete do Nivaldo, comíamos. Era ia embora. Eu também. Isso bastava. Fiz catequeze 7 anos.
Mudei de cidade. Amei mais duas, talvez três garotas.
....... Presente......
Hoje, tenho 21 anos e algumas "estórias" para contar.
...Texto propriamente não dito...
De fato, um escritor, mesmo que amador como eu, deve concluir o propósito que o fez iniciar a escrever. Este texto escrevi depois de ter brigado com o mundo e comigo mesmo. Com a finalidade de sempre. Isto é: nenhuma.
Apesar da ausência de finalidade, devanear algumas palavras me faz sentir melhor. É um encontro comigo mesmo. E a partir de hoje, com um novo eu. Um cara que tem consciência do que pareceu ser, do que pensaram que fui e - mais importante- de quem foi verdadeiramente.
Enterro, pois, agora o passado. Preocupar-me-ei com o futuro. Construi-lo-ei agora.
E para não ficar muito formal: Foda-se o resto!!!
Goiânia, 31 de maio de 2010.