"Como é vão sentar-se e escrever se você não se levantou para viver!
(Henry D. Thoreau)"


quinta-feira, 7 de maio de 2009


Sapiência

Diz uma lenda que certa vez um grupo de pesquisadores e geólogos precisavam encontrar uma relíquia perdida numa caverna de um vulcão adormecido; a floresta era perigosa e ninguém se arriscaria a entrar nela sozinho. Havia muitas armadilhas e a solução encontrada pelos cientistas foi contratar dois guias, um sábio que morava na redondeza e um índio que nascera e crescera na mata. Marcada a viagem, os cientistas aprontaram seus equipamentos e os guias foram a um templo rezar e pedir proteção aos deuses locais. A subida duraria 6 dias. Partiram, então, numa manhã nublada, os guias tentaram adiar a partida, suas sabedorias diziam que manhã nublada era sinal de mau pressagio. Os cientistas relutaram e partiram todos assim mesmo. No segundo dia já haviam subido mais da metade da montanha, apesar das adversidades, os guias eram bons e velhos conhecedores da mata. No terceiro dia, os guias simplesmente pararam e se sentaram debaixo de uma gigantesca árvore. Os cientistas sem saber o que se passava, perguntaram aos guias o motivo da parada, haviam descansado há pouco tempo, não havia motivo para atrasar a viagem. Os guias nada responderam. Os cientistas insistiram, perguntaram se havia algum perigo, se haviam errado o caminho... ficaram furiosos com a atitude dos guias, mas estes simplesmente continuaram sentados e sem dizer uma única palavra. Anoiteceu e, sem muitas opções, os cientistas montaram acampamento e passaram a noite ali mesmo; os guias, por sua vez, pareciam estátuas, não moveram sequer um músculo, tinham um olhar vazio, sem brilho. Pela manhã, o grupo deu continuidade a viagem e alcançaram, sem mais imprevistos, o objetivo da expedição. Passado alguns anos, um dos cientistas encontra o velho guia e o questiona qual o motivo daquela parada repentina, o velho sábio, sem cerimônia, então responde: “Meu filho, naquele dia corremos demais, corremos tanto que nossas almas ficaram para trás; paramos, então, para esperar que elas alcançassem nossos corpos, para, só assim, poder seguir em frente”.



Escrito por Fernando Arataque Filho.
18/10

2 comentários: