"Como é vão sentar-se e escrever se você não se levantou para viver!
(Henry D. Thoreau)"


sábado, 9 de outubro de 2010

Há aquela velha e boa fábula que conta a história do menino que sempre alarmava um falso ataque do lobo às brancas indefesas ovelhas. O Pastor, prestativo e atento, sempre acreditava nos falsos avisos do garoto. Quase sempre, um dia o Pastor se cansou. Justamente no dia em que o ataque era verdadeiro. O menino desesperado gritava pela ajuda do Pastor enquanto as ovelhas eram mortas.
Outra versão da fábula, mas com o mesmo efeito moralizante, é a do beija-flor que sempre dava enganosos alertas de incêndio na floresta. A inconsequente ave divertia-se ao ver toda a fauna mobilizar-se a fim apagar o que nunca existiu. Até que um certo dia... todos sabemos o que aconteceu.


Transpondo a fábula à realidade, apesar de não ser o garoto ou o beija-flor, por muito tempo emiti falsos sinais. Distribuí indícios e promessas de algo grandioso. Expressei, amiúde, (com uma dissimulação de fazer inveja a Capitu) sentimentos de bem-querer. Manifestei e fiz transparecer um amor sem começo nem fim.

Tal como o beija-flor ou o garoto, talvez tenha agido com o intuito de suprimir a pungente pequenez a que estava fadado. Fomos, eu e meus personagens, por muito tempo o centro das atenções. Nos divertíamos às custas da credulidade alheia. Crédulos que, por inocência ou ignorância, sempre guardavam na memória lembranças daquilo que, de fato, nunca subsitiu. Exceto em sonhos.


Hoje, por irônia do destino, minha história vai terminando como a de meus caros companheiros, o garoto e o beija-flor. Somos iguais em descrédito e desgraça. Hodiernamente, por mais sinceras e eloquentes sejam nossas palavras, ninguém mais dá ouvidos a elas. Eu não matei nenhuma ovelha. Quero, assim como o Pastor, cuidar do meu rebanho de um só exemplar. O que, no entanto e infelizmente, é impossível. Transformei-me no Lobo da história.

Eu tampouco quero apagar essa chama que sempre fantasiei ter, mas que só agora a conheço verdadeiramente. [Almejos sem meios. (Sonhos vãos). Não voltam.] O beija-flor que sempre fui, apesar de ter experimentado tantas rosas, apaixonou-se por uma flor intocável. Delicada demais para um lobo; grande demais para um pequeno e dissimulado bejia-flor.


E o final dessa história... eu quero mudá-lo.


"Nem todas as flores têm a mesma sorte: umas nascem para enfeitar a vida; outras, a morte."
(Dherry Euqatara)

9 comentários:

  1. Oi Fernando!
    Estou bem e você?

    Adorei ler um comentário seu e um novo post em seu blog. Também estava com saudades.

    Lindo o seu texto! Tomara que o beija-flor consiga mudar o final dessa história. rs

    Beijão

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  2. será que o beija-flor conseguirá?

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  3. Você descreveu parte da minha história.
    Já fui o Lobo e o Beija-Flor, e hoje sou somente a flor, que acompanha as fases do ano com perfume e com ardor.
    Não foi fácil. Não matei as ovelhas, mas tive que matar o lobo dentro de mim. Aposto que você consegue! ;-)

    Beijo!
    http://serenico.blogspot.com/

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  4. Oooi retribuindo visota feita a um tempinho atras rsrs mas que somente agora pude ver =/
    Mas to aqui !!! xD
    Nossa, eu sei q ja te elogiei bastante, mas como vc consegue escrever tãão bem??? rsrs ameei o texto!!!
    Beeeijos!

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  5. Fernando, te indiquei ao Prêmio Dardos.
    Depois confira em meu blog.

    Beijos!

    Ps.: Poste mais vezes!! rsrs

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  6. Esse texto me trouxe memórias distintas,e confesso q uma certa nostalgia do meu tempo de
    "ovelha"(imatura,simples,inocente...)Entretanto me possibilitou fazer uma reflexão pessoal. Amei a citação! Abraço,amigo.KLFR

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  7. ooi.gostei muito do texto*-*

    to seguindo...segue?
    http://enntreaspas.blogspot.com/
    http://enntreaspas.blogspot.com/

    (K)

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  8. Muito bom! Gostei da sensibilidade, apesar da amargura...bom texto, cheio de sentimento, mesmo que haja o remorso...

    Se puder, me visite, é bem uma realidade menos romanceada que a sua, mas vale a pena dar uma passada pra conferir...

    http://apenas-daniel.blogspot.com/

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