"Como é vão sentar-se e escrever se você não se levantou para viver!
(Henry D. Thoreau)"


quinta-feira, 8 de abril de 2010


Sim, mais uma meia noite chega, encontro-me acordado. Diferentemente da maioria das vezes, não estou a estudar. Hoje, excepcionalmente, e por motivos que são irrelevantes, resolvi "mexer" no passado. Reler velhos textos, comtemplar antigas fotos, sentir antiquadas saudades. Às vezes é bom parar, tentar sair de si, analisar friamente a situação. Perceber o que mudou, se evoluímos ou retrocedemos. Um fato que me fez sorrir, não sei por felicidade, tristeza ou saudade foi o de ver algumas fotos minhas do ano de 2006 e 2007. Em quase todas eu estava com amigos, bebendo, em shows de sertanejo, simplesmente "curtindo" a vida. Fui, sim, um legítimo peralta (para usar de um bom eufemismo). Não conhecia a palavra compromisso. Tinha alergia a responsabilidade. Era adepto incondicional do modo de vida "Carpe Diem". Talvez um dia eu diga que foram bons tempos. São lembranças relativamente recentes, estaria arriscando ao julga-las.

Os anos se passaram, muita coisa mudou, claro. Tenho saudade de algumas coisas que aquele antigo Fernando fizera. Tenho saudade da sua coragem, do seu modo de encarar a vida, do seu otimismo dissimulado. Hoje, todavia, este Fernando "reformado" tornou-se realista. Às vezes, exagera no realismo de vida. Esqueceu-me de que a verdade não vale tanto assim. O Outro sorria; este pensa. O Outro assistia TV; este lê. O Outro chorava; este não tem sentimentos. O Outro amava e era amado; este nem tanto. O Outro vivia; este sonha. O Outro cantava; este assovia para sobreviver.

Sabe, paro e penso, valeu a pena? Toda essa mudança comportamental trouxe benefícios? Racionalmente falando, sim. É uma situação delicada na qual a melhor medida é a ponderação. Entretanto, eis o grande dilema: lei do tudo ou nada. Nunca consegui viver "pelas metades". Sempre coloquei todos os ovos em um só cesto. Talvez seja essa a grande questão. Não nasci para ser meio termo, mais um meio termo no mundo feito quase que totalmente de meio termos.

Há que se procurar fazer a diferença. Procurar, inventar se preciso, um sentido para a existência. Faz-se necessário um objetivo de vida. Um sonho que nos mova, que nos dê força. Que faça valer a pena acordar. A vida sem um objetivo, não faz sentido. Simplesmente viver é tornar-se um vegetal. Simplesmente sentir é renegar o que nos diferencia dos demais animais: o poder de raciocinar. Projetar o futuro, pensar, imaginar, criar. Isso é relevante. Explorar mais os sentimentos secundários. Deixar um pouco de lado o simples sentir, pois esse, quer queira ou não, nos acompanhará sempre. Deve-se, portanto, trabalhar a parte esquecida. Todos sabem o que quero dizer. Não há nada de novidade dito por meio desse conjunto de signos. A grande sacada é acordar para a vida, agir, "desletargizar-se".

Apesar de sentir saudade dos sorrisos das fotos antigas, não o trocaria pela seriedade que agora me acompanha. Normalmente depois de um sorriso vem uma lágrima.

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